quinta-feira, 3 de março de 2011

A FALÊNCIA DO CASAMENTO


Atualmente eu venho pensando que essa forma tradicional de casamento, essa que existe na nossa sociedade, onde o casamento traz a ideia de posse, está falida.
O marido transando fora de casa e mostrando-se totalmente fiel. E a mulher, muitas delas, sofrendo, dependentes e aguentando firme por causa dos filhos e, em alguns casos, com medo do que os outros vão dizer.
Acredito que esse casamento é uma falsa felicidade. E uma solidão a dois. Mais triste que a solidão onde se está só, pelo menos esta pode proporcionar o contato com o próprio corpo, com a própria identidade, com os próprios fantasmas e os próprios desejos.
Casar-se não implica renunciar o cuidar de si, deixar de refletir sobre si mesmo, abandonar amigos e carreiras. Adequar-se ao papel conjugal não quer dizer ficar sujeito às supostas preferências do outro.
Estar casada é dialogar sobre todos (ou quase todos) os interesses comuns e individuais. Desde a divisão e definição das tarefas do lar, o trabalho fora, a orientação dos filhos, até trocar comentários sobre o acontece com cada um, sobre amigos comuns. E colocar-se no lugar do outro, perceber suas necessidades e estabelecer trocas. E começar a trocar carícias, a proporcionar prazer, a fazer com o outro todas as coisas que se tem vontade de fazer e não se faz, porque “não fica bem”.
E a permissão de mergulho no corpo do outro sem a melancólica luta pelo poder dentro de casa, sem a mania de projetar no outro dificuldades que são pessoais e o outro não tem culpa. É fundamental não renunciar à própria identidade pelo amor do outro.

Amar é justamente isso: estar inteiro para proporcionar a integridade tanto a você quanto ao outro.

Por isso, eu acho que deveríamos pensar num outro tipo de encontro, mais flexível. Um encontro de puro amor, onde não houvesse cobranças ou sentimentos de posse. Um encontro que proporcionasse a felicidade de ambos com direitos e deveres iguais. Mas isso só me parece possível quando pensarmos primeiramente no casamento consigo mesmo. Assumindo o que pertence a si mesmo.
Eu sei que na teoria, no papel, as coisas podem ser bem mais fáceis. Mas quem tem mais direito sobre a gente, além de nós mesmos? Me parece que só nós, cada um, deve mandar na própria vida. E com isso tem o direito de escolher o que se deseja. E também o que não se quer, o que desagrada.


Escrito por Marcos Ribeiro (Sexólogo)

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